Um Favo de Garota: Por que escolheu cursar design? "Estava numa roda de amigos. Terminaríamos o ensino médio em poucos e não fazíamos ideia do que estudar. Alguém falou que a ufca tinha acabado de inaugurar o curso de Design. Então um amigo meu olhou pra mim e disse: "E aí?". Pegamos dois copos vazios e brindamos a faculdade. Iniciei o curso com 19 anos. Hoje acho que deveria ter esperado mais um pouco".
Um Favo de Garota: Você
desenha bem à mão livre? Mal sei como se pega num lápis, quem dirá desenhar. Mas deixando o
humor de lado, considero um processo esquisito. Visualizo o conceito na mente.
Procuro referências e começo os primeiros rabiscos numa folha qualquer. Depois
que tenho o desenho mais próximo de onde quero, vem a parte digital, onde posso
colorir e trabalhar com luzes e sombras.
Um Favo de Garota: Tinha
outro curso em mente? Sempre tive muitos cursos em mente. Filosofia, Psicologia,
Arquitetura, Cinema, Artes Visuais e mais outros que agora esqueci. Todas as
minhas influências me levam a querer estudar esses cursos. Deveria ser proibido
de falarmos a palavra limite, agora,
por exemplo, eu deveria estar amarrado na fogueira santa, pelo fato de
mencioná-la.
De
onde surgiu a paixão por arte? Meu pai. Ele é escultor. Quando era pequeno ficava observando ele
trabalhar. Meu velho esculpia em gesso, madeira, argila e até marfim. E eu me
enxergava ali. Talvez você concorde, a arte não espelha a vida, ela revela o
espectador. Contudo, só me dei conta e aceitei a influência paterna na minha no
que eu crio há alguns meses. Antes tarde do que sempre, não é mesmo?
Um Favo de Garota: O
que acha que falta nos artistas locais? Costumo me preocupar mais com o que falta em mim. Não me encontro no
direito de apontar o dedo nas criações dos outros, embora ache necessário que
apontem nas minhas. Quando alguém critica, tal pessoa está revelando a si
própria. Está falando com seu ego em voz alta.
Em 2013 Philipe lançou seu primeiro livro, intitulado Cabeça de Nuvem. O livro possui ilustração do próprio e reúne um compilado de contos.
Um Favo de Garota: Como foi lançar seu primeiro livro? Tinha muitos contos na gaveta. Descobri que podia publicar um livro independentemente. Foi o que eu fiz. Elaborei um projeto, organizei alguns contos e publiquei o livro só pra ver como seria o resultado.
Um Favo de Garota: E de onde veio a vontade de ser escritor? Eu sempre li. Às vezes muito, às vezes quase nada, mas nunca
escrevia. Até que um amigo me convidou para ter uma coluna num blog. Eu já
tinha 21 anos e não possuía a prática da escrita. Mas o acaso é um filho
adotivo do destino. Levei um pontapé dos dois e, depois disso, nunca mais parei
de escrever. Mas vontade de ser escritor, eu nunca tive e nem pretendo ter.
Faço isso quando me descubro no ócio, que geralmente dura 4 horas por dia. Não
tenho grandes objetivos com a escrita. É como respirar. Você respira, mas não
precisa ter vontade.
Um Favo de Garota: Obteve
o retorno que esperava? Não fiquei feliz quando folheei. O material não tinha qualidade. A
diagramação, o tipo de papel e outras coisas mais. Mas como não tinha grandes
ambições com a publicação, dei de ombros.
Um Favo de Garota: Pretende
lançar outros livros? Eu não faço ideia. Pretendo continuar
escrevendo. Tenho a mente atenta a qualquer distração. Até mesmo o voo de uma
mosca tem algo a ensinar, se você souber apreciá-lo.
Um Favo de Garota: Pra finalizar Philipe, você está satisfeito com sua arte, vive dela? No quesito dinheiro, não. No quesito lacunas preenchidas, sim. Embora sabendo que quando tapo um desses buracos, mais mil surgem. Afinal, sou emotivamente humano. E adoro ser um aquário de sangue com células nadando dentro de mim.
Bom pessoal, por enquanto é isso. Espero que vocês tenham gostado do papo e caso queiram nós podemos trazer o Philipe aqui pra conversar novamente. Aproveitem as indicações do Philipe aí embaixo e deixem suas opiniões nos comentários!
Até a Próxima!