sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Resenha: As vantagens de ser Invisível

Título: As Vantagens de Ser Invisível
Autor: Stephen Chbosky
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Consegui... em um sebo da minha cidade. Fui comprar um presente pra um amigo e acabei comprando pra mim.

Resumo: Charlie é um garoto normal, de uma família normal, de uma cidade normal e uma escola normal. Apenas um pouco solitário, um pouco triste, um pouco deprimido. O livro é construído em cima de cartas que o personagem envia ao seu “amigo” anônimo, com análises detalhadas do seu dia-a-dia.
Charlie tem 15 anos e se sente solitário e triste, seu melhor amigo se suicidou, sua tia preferida morreu em um acidente de carro e apesar de seus pais serem muito cuidadosos com ele, sua família tem os seus próprios problemas pra lidar.
A história começa a ter “recheio” quando surge na vida de Charlie três personagens: seus novos melhores amigos: Sam e Patrick, e seu professor de Inglês: Bill. A convivência com seus amigos passa a mudar a percepção de Charlie. De espectador da vida, ele passa a ser ator.
E a partir daí, muita coisa muda, festas, bebidas, drogas e até mulheres passa a fazer parte da vida de Charlie, mas nem uma paixão que ele nutre por sua colega, o deixa menos triste.
A melhor palavra para descrever Charlie é inocente, a forma como ele entende o mundo parece mais a de uma criança comportada, que aceita as coisas não por medo, mas por conveniência.
Os problemas visíveis de Charlie às vezes o distanciam das pessoas e faz com que desconhecidos não compreendam o raciocínio “frio” dele, inclusive, taxando-o de estranho.
O incrível é ver colegas politicamente incorretos se mesclarem tão bem à personalidade de Charlie, levando a viver situações completamente diferentes do que ele esperava. E o mais incrível ainda é ver Charlie aceitando tudo isso de forma calma e analítica. A impressão que se tem é que Charlie conseguiria escrever(exatamente como ele faz nas cartas) cada detalhe da vida de cada pessoa que passa por ele.
Um ponto a ser ressaltado, é que a inteligência dele é admirável. As notas escolares e a convivência com seu professor, mostram ao leitor que por baixo dessa personalidade triste, há uma pessoa admirável.
O que mais gostei é a diferenciação dos personagens e os temas sutilmente abordados: problemas familiares, abuso sexual, gravidez na adolescência, homossexualismo, paixão reprimida, suicídio...São temas tão complexos mas que foram abordados de uma forma tão delicada, que passamos pelo assunto compreendendo exatamente como cada acontecimento levou a cada situação. Sem julgamentos, sem revoltas, apenas uma boa leitura.
Acho que o final me deixou mais pensativa do que imaginei. Muitas vezes não percebemos que certos acontecimentos na infância pode moldar a personalidade do indivíduo para o resto da vida, e eu parabenizo o autor, por que ele conseguiu fazer com que tudo fosse justificado: a quietude de Charlie, o cuidado com o falar, o sentir, o medo de machucar os outros como ele foi machucado, tudo isso passa a ser compreendido no final.
           Acompanhei um ano da vida de Charlie e acho mesmo que as coisas melhoraram, a descoberta pelos pais dele do trauma vivido pôde dar ao Charlie a possibilidade de uma vida mais “normal” nos anos seguintes, menos triste. Sentirei falta de suas cartas, Charlie!


Minhas impressões: Acho que vou parar de subestimar livros. Talvez tenha sido meu distanciamento da leitura, mas parece que desaprendi a ignorar sinopses, comentários e até inicios de livros cansativos. Não me entendam mal, a leitura é ótima, mas no início de As vantagens de ser invisível eu pensei seriamente em largar a leitura. Felizmente eu tenho uma meta e graças a ela eu li um dos finais mais incríveis que já me deparei.
Eu já tinha assistido o filme, mas todo leitor sabe que o livro é anos-luz melhor, e felizmente eu lembrava muito pouco da história. Se você ainda não leu, leia! Se já leu, releia, em especial o final, sabe por que? Por trechos como esse:

“Quando eu estava indo pra casa, só conseguia pensar na palavra “especial”[...]Por que eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes. E eu acho que todo mundo é especial à sua própria maneira. É o que penso”.(pág 192)

Parece meio clichê, e é. Mas vale a pena. Como a leitura são cartas escritas pelo próprio Charlie, temos uma impressão de pertencer ao mundo dele, de sentir como ele, de realmente estar confuso às vezes como quando ele se sente assim, por que o livro foi construído pra gerar lacunas e nos deixar confuso. A escrita é magnífica!

Meu trecho favorito:
“Mas é como minha médica me contou  a história daqueles dois irmãos cujo pai era um alcoólatra mau. Um irmão se tornou carpinteiro quando adulto e nunca bebia. O outro terminou sendo um bebedor tão mau quanto o pai. Quando perguntaram ao primeiro irmão por que ele não bebia, ele disse que depois que viu o que isso tinha feito ao pai nunca pegaria o mesmo caminho. Quando perguntaram ao outro irmão, ele disse que achava que tinha aprendido a beber no colo do pai. Então, acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas”. (pág. 221)




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