quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Sobre não aproveitar a vida

Achei esse texto hoje entre meus escritos, é de 2013.


Oi, eu sou a filha mais nova, sou as “sobras”, o “fim de rama”, sou aquela que demorou dez anos pra nascer e quando veio já não tinha mais graça.

Essa história do mais novo ser mais mimado é pura besteira quando você não é encostado nos seus irmãos, além de pais, você tem irmãos pra obedecer, você nunca tem opinião, pois “é muito novo pra saber de alguma coisa”, mas sempre terá que ser maduro, pra “seguir o exemplo de seus irmãos”.

Tenho 23 anos e alma de 33 como os meus irmãos. Fui criada pra saber tudo sozinha já que meus irmãos já sabiam das coisas, aprendi a me defender só, a me cuidar só, a arrumar a casa, a cozinhar, a lavar, passar, trocar botijão de gás, consertar uma torneira pingando, uma lâmpada queimada, aprendi a pagar minhas próprias contas e estudar sozinha pois “meus irmãos tem suas próprias coisas a fazer e meus pais não lembravam das coisas do ensino fundamental”. Aprendi a ir ao médico só e esconder meu problemas de saúde pra não preocupar a minha mãe, aprendi a não contar com a minha irmã ou meu irmão já que seus amigos serem foram mais importantes que eu. Mas não tiro o crédito, minha família sempre esteve muito presente na minha vida, as vezes me incentivavam, as vezes me cortavam as ideias, as vezes simplesmente me deixando quieta, que é como prefiro estar quando tenho problemas.

Aprendi assim a estudar sozinha, andar de moto sozinha, beber sozinha, conhecer pessoas sozinha... E não entendo o por que, mas nunca tive conversas com meus pais sobre sexo, bebidas ou drogas, na verdade lembro até da minha mãe um pouco envergonhada quando mencionei que havia menstruado pela primeira vez.

Aos 23 sou madura quase podre, acabei perdendo um pouco do brilho da juventude. Pode parecer besteira, mas não rio de coisas que garotas de 23 riem, não curto coisas que jovens curtem e muito menos estou saindo pra festas pra conhecer pessoas, beber e namorar desconhecidos. Estou vendo minha vida passar por mim e não tenho a mínima ideia de como posso acompanhá-la.


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