segunda-feira, 2 de junho de 2014

A liberdade que escolhi

Quando menciono que parei de beber com 16 anos as pessoas se surpreendem. Quem ouve acha que fui alcoólatra, me internei e me livrei do vício. A verdade é que aos 16 eu já tinha provado boa parte das bebidas que vendem em festas na minha cidade e simplesmente não gostei de nenhuma delas.

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Aos 13 anos eu decidi que escolheria as coisas que mais gostava e as manteria até que não gostasse mais, da mesma forma, eu me livraria de tudo que não me agradasse. Foi assim com a bebida, foi assim com o cigarro, foi assim com as festas e com a maioria das pessoas que eu chamava de "amigos". Aos 16 anos eu quase não saía de casa, passava meu tempo estudando pro vestibular ou lendo os livros que me davam prazer. Eu estava decidida a me formar antes dos 22 anos e ninguém conseguiu tirar essa ideia da minha cabeça.

Nem mesmo eu.

Nem mesmo eu, que já não gostava mais do meu curso, que não me sentia parte da minha sala de aula e que percebi que as pessoas as quais eu chamava de amigos eram de outros cursos. Passei quatro anos e meio vivendo algo que eu acreditava que era certo pra mim. Não em arrependo e nem mudaria meu passado, muito pelo contrario, foi exatamente por esta experiência que hoje vivo o maior dilema da minha vida.

Aos 22 anos eu ainda não sei  que quero, sei que sempre gira em torno de escrever e contar as pessoas o que credito que sejam indicações ou histórias interessantes, mas especificamente o que quero e principalmente como vou conseguir, ainda é uma surpresa pra mim.

Gosto de desenho animado e não consigo assistir jornal, não sou religiosa e detesto conversar com pessoas que acham que um dia eu vou "me abrir pra minha espiritualidade". Prefiro sim, passar minhas tardes jogando "imagem e ação" com os amigos do que em uma mesa de bar conversando sobre outras pessoas. É difícil manter um estilo em que você simplesmente não se importa com o que os outros pensam sobre você ou suas ações, é difícil também manter as pessoas por perto quando não se sabe o que quer. Mas o lado bom disso tudo é especialmente ter a oportunidade de fazer tudo e não se importar se os outros acham que "aquilo não valeu a pena".

Dedicar-se inteiramente a uma única coisa é abdicar da experiência de viver intensamente coisas novas. Não que eu saia muito, mas pelo menos posso dizer que a escolha de ficar em casa foi inteiramente minha.



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