quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mamãe quero ser erscritora

Quando eu era criança e estava triste eu pegava meu caderninho e escrevia. Quando eu era adolescente eu pegava meu diário e escrevia. Quando eu cresci eu abdiquei do meu maior prazer, justificando a ausência dele pela falta de tempo que a faculdade me proporcionava.

As vezes eu penso que fiquei burra com o tempo.


Escrever sempre foi uma paixão. Sempre me imaginei como uma escritora famosa que vive do que eu acho mais importante: O dom de criar. Criar uma história é permitir que seu cérebro viaje pra qualquer lugar. É não se incomodar com o destino por que não existe passagem. Vivi uma curandeira, uma vidente, uma bruxa, uma deusa, vivi tantas mulheres importantes e simplesmente as abandonei. Hoje lembro pouco de cada uma delas e me arrependo profundamente de não ter guardado as histórias que tanto amei construir.

Hoje decidi voltar a escrever uma das histórias que ainda mantenho. É a que está mais adiantada, apesar de que ainda está longe de ficar pronta. De qualquer forma, para quem se interessar: o começo do meu primeiro livro.

A VIDENTE


Há dias Carolina não saia de casa, mal comia, mal dormia, passava seus dias olhando pela janela. A dor no seu peito por mais que o tempo passasse não diminuía. Já se passara dois meses e tudo ainda parecia estar desmoronando sobre sua cabeça, tantos planos feitos, tantas horas gastas imaginando sua nova vida e agora tudo parecia tão distante.

Tia Ângela tentava a todo custo animar Carolina, fazia seus quitutes preferidos, chamava-a para cozinhar na loja de doces que quando criança era seu lugar preferido. Mas agora nem isso a tirava ela do quarto. A visita dos seus amigos só piorava a situação. Ela os imaginava dançando em seu baile de casamento, todos felizes e bem vestidos, e agora, cada vez que os via, parecia que ela podia sentir em sua pele a comoção e a pena que eles sentiam.
Foram sete anos com a mesma pessoa, dividindo alegrias e tristezas. Compartilhando todo tipo de momento e emoção. Foram cinco anos de namoro, tudo estava indo perfeitamente bem, a tia aprovava o namoro, eles quase nunca brigavam e mantinham todo o carinho desde o começo, tudo estava tão bem que há dois anos ela e Mateus decidiram se casar. Resolveram fazer as coisas com calma, primeiro combinaram de comprar a casa e mobiliar pra depois investir no enxoval e só quando tudo estivesse pronto eles subiriam ao altar.

No primeiro ano Mateus comprou a casa, deu como entrada todo o dinheiro que tinha na poupança e o seu antigo carro, ficando apenas com a moto. Ele achava que a diminuição do conforto valeria a pena e só compraria um novo carro com a iminência do primeiro filho. Depois de um ano as parcelas ficaram mais suaves e ele precisava começar a reforma pra deixar a casa como sempre sonharam. Era a vez de Carolina começar a comprar os móveis, o quarto foi o primeiro, tudo como ela queria, Mateus gostava de agradá-la e deixava que ela tomasse as decisões. Logo depois veio a sala e a cozinha, o quarto do bebê só ficaria pronto quando reformassem a casa que foi projetada apenas com um quarto. O sonho do casamento estava cada vez mais perto.

Na véspera do aniversário de sete anos Carolina decidiu se consultar com um médico e identificar as possibilidades de engravidar e verificar se não seria preciso fazer tratamento, era a decisão mais sensata após 8 anos tomando anticoncepcional.

Mas a infelicidade resolveu vir perturbar o casal e para surpresa de Carolina uma doença por ela desconhecida dificultava a gravidez. O medico não deu muitas esperanças mas Carolina seguia ansiosa. Uma bateria de exames foi solicitada a fim de comprovar as suspeitas do médico, felizmente os resultados não sairiam até o aniversário de sete anos, Carolina tinha receio de que um resultado negativo estragasse a felicidade do casal. 

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