As vezes eu penso que fiquei burra com o tempo.
Hoje decidi voltar a escrever uma das histórias que ainda mantenho. É a que está mais adiantada, apesar de que ainda está longe de ficar pronta. De qualquer forma, para quem se interessar: o começo do meu primeiro livro.
A VIDENTE
Há dias Carolina não saia de casa, mal comia, mal dormia,
passava seus dias olhando pela janela. A dor no seu peito por mais que o tempo
passasse não diminuía. Já se passara dois meses e tudo ainda parecia estar
desmoronando sobre sua cabeça, tantos planos feitos, tantas horas gastas
imaginando sua nova vida e agora tudo parecia tão distante.
Tia Ângela tentava a todo custo animar Carolina, fazia seus
quitutes preferidos, chamava-a para cozinhar na loja de doces que quando
criança era seu lugar preferido. Mas agora nem isso a tirava ela do quarto. A
visita dos seus amigos só piorava a situação. Ela os imaginava dançando em seu
baile de casamento, todos felizes e bem vestidos, e agora, cada vez que os via,
parecia que ela podia sentir em sua pele a comoção e a pena que eles sentiam.
Foram sete anos com a mesma pessoa, dividindo alegrias e
tristezas. Compartilhando todo tipo de momento e emoção. Foram cinco anos de
namoro, tudo estava indo perfeitamente bem, a tia aprovava o namoro, eles quase
nunca brigavam e mantinham todo o carinho desde o começo, tudo estava tão bem
que há dois anos ela e Mateus decidiram se casar. Resolveram fazer as coisas
com calma, primeiro combinaram de comprar a casa e mobiliar pra depois investir
no enxoval e só quando tudo estivesse pronto eles subiriam ao altar.
No primeiro ano Mateus comprou a casa, deu como entrada todo
o dinheiro que tinha na poupança e o seu antigo carro, ficando apenas com a
moto. Ele achava que a diminuição do conforto valeria a pena e só compraria um
novo carro com a iminência do primeiro filho. Depois de um ano as parcelas
ficaram mais suaves e ele precisava começar a reforma pra deixar a casa como
sempre sonharam. Era a vez de Carolina começar a comprar os móveis, o quarto
foi o primeiro, tudo como ela queria, Mateus gostava de agradá-la e deixava que
ela tomasse as decisões. Logo depois veio a sala e a cozinha, o quarto do bebê
só ficaria pronto quando reformassem a casa que foi projetada apenas com um
quarto. O sonho do casamento estava cada vez mais perto.
Na véspera do aniversário de sete anos Carolina decidiu se
consultar com um médico e identificar as possibilidades de engravidar e
verificar se não seria preciso fazer tratamento, era a decisão mais sensata
após 8 anos tomando anticoncepcional.
Mas a infelicidade resolveu vir perturbar o casal e para
surpresa de Carolina uma doença por ela desconhecida dificultava a gravidez. O
medico não deu muitas esperanças mas Carolina seguia ansiosa. Uma bateria de
exames foi solicitada a fim de comprovar as suspeitas do médico, felizmente os
resultados não sairiam até o aniversário de sete anos, Carolina tinha receio de
que um resultado negativo estragasse a felicidade do casal.
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