terça-feira, 24 de setembro de 2013

Textos soltos: Lembranças

Conheci-a em uma parada de ônibus. Era segunda feira e eu estava esperando o coletivo pra ir ao trabalho quando me deparo com aquela figura... Familiar. A garota branquela de cabelo preto com jeito meio tímida encostada no poste me lembrava alguém e eu não conseguia saber quem era.

Percebi-a se remexendo desconfortável e aí notei que eu já olhava há algum tempo. Meu ônibus chegou sem que eu dissesse nada, subi, sentei no banco e olhei uma última vez pra aquela menina, percebi que ela estava chorando.

No trabalho foi tudo como sempre, aliás, o meu trabalho é uma droga. Eu sou praticamente a bunda de uma grande empresa. Minha função é simplesmente descartar tudo o que não serve, passo o dia subindo e descendo 18 andares juntando tudo o que é papel que não será mais utilizado, uma vez ou outra eu tiro umas cópias e só. Quando eu era criança, meu sonho era ser escrito, mas aí eu cresci e nunca consegui nada disso. Hoje eu moro num apartamento minúsculo e divido meu sushi com um gato por pura preguiça de comprar comida pra ele. É quase como uma associação, eu peço sushi, como o arroz e as ervas e ele o peixe. É um grande negócio.


No dia seguinte eu encontrei a menina de novo. Achei estranho, pois ela estava com a mesma roupa do dia anterior, vestido branco de manga com renda nas pontas. Lembrei que no dia anterior ela estava chorando, fiquei imaginando se ela queria conversar ou algo do tipo, fiquei pensando em como chegar até ela e puxar conversa sem que ela pensasse que eu sou um completo louco. Pensei tanto que meu ônibus chegou e acabei não dizendo nada. O problema era que se eu perdesse esse ônibus o próximo só passaria daqui a uma hora e eu chegaria muito tarde no trabalho. Será que na manhã seguinte ela ainda estaria lá?

Um comentário:

  1. Olá Maria, agradeço a visita e o carinho será retribuido, pode deixar!

    Sinta-se a vontade pra dar sua opinião!

    Beijos!

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